O LADO OCULTO DE FERNANDO PESSOA
O grande poeta lusitano Fernando Pessoa mostrou ser um teósofo ao traduzir a “Voz do Silêncio” de Blavatsky e um iniciado e conhecedor da Química Oculta ao abordar o assunto num texto seu sem data reproduzido por Yvette Kace Centeno em Fernando Pessoa – O Amor, A Morte, A Iniciação (Editora A Regra do Jogo, Lisboa, 1985), no qual diz:
«A química oculta, ou alquimia, difere da química vulgar ou normal, apenas quanto à teoria da constituição da matéria; os processos da operação não diferem exteriormente, nem os aparelhos que se empregam. É o sentido, com que os aparelhos se empregam, e com que as operações são feitas, que estabelece a diferença entre a química e a alquimia.
«A matéria do mundo físico é constituída de três modos, todos eles simultaneamente reais: só dois desses modos interessam a um nível conceitual diferente, e não é atingível por operações, aparelhos ou processos que sequer se parecem com os que se empregam em qualquer coisa que se chame «química» ou «física», «ocultas» ou não.
«A matéria é na verdade, e como creem o físico e o químico normais, constituída por um sistema de forças em equilíbrio instável, formando corpos dinâmicos a que se pode chamar «átomos». Porque isto é real, e a matéria, considerada fisicamente, é na verdade assim constituída, são possíveis as experiências e os resultados dos homens de ciência, pelo que a matéria é manipulável por meios materiais, por processos apenas físicos ou químicos, e para fins tangíveis e imediatamente reais.
«Mas, ao mesmo tempo, os elementos que compõem a matéria têm um outro sentido: existem não só como matéria, mas também como símbolo. Cada elemento simboliza determinada linha de força super-material e pode, portanto, ser realizada sobre ele uma operação, ou ação, que o atinja e o altere. E feita essa operação, o efeito produzido excede transcendentalmente o efeito material que fica visível, sensível, mensurável no vaso ou aparelho em que a experiência se realizou. É esta a operação alquímica. E isto no seu aspecto externo, porque, na sua realidade íntima, é mais alguma coisa do que isto.»
Quem quiser se aprofundar um pouco sobre o aspecto esotérico de Fernando Pessoa pode acessar o artigo “O esoterismo em Fernando Pessoa“ no site da Nova Acrópole: http://nova-acropole.pt/a_esoterismo-pessoa.html e a dissertação de Mestrado de ROGÉRIO MATHIAS RIBEIRO, com o título: ESOTERISMO E OCULTISMO EM FERNANDO PESSOA:
CAMINHOS DA CRÍTICA E DE POÉTICA em http://www.bdtd.ndc.uff.br/tde_arquivos/23/TDE-2010-01-08T134818Z-2342/Publico/Rogerio%20Ribeiro-Dissert.pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário