terça-feira, 24 de junho de 2008

A ECOLOGIA PROFUNDA E OS NOVOS VALORES ÉTICOS

Recebi o texto abaixo do CPDA – Comitê para Pesquisa, Divulgação e Defesa dos Direitos Animais e estou divulgando, pois o conteúdo está muito de acordo com os objetivos desse blog que é o de apontar pontos de contato entre ecologia e espiritualidade:
"Por ecologia profunda podemos entender uma nova tendência do pensamento ecológico, que tem implicações tanto filosóficas como práticas muito importantes.
Uma definição essencial da ecologia profunda é apresentada por Fritjof Capra, no Capítulo 1 de seu livro "A teia da vida". Nesta definição, ressalta uma diferença básica em face do pensamento ecológico tradicional:
"A escola filosófica foi fundada pelo filósofo norueguês Ame Naess, no início da década de 70, com sua distinção entre 'ecologia rasa' e 'ecologia profunda'. (...)
"A ecologia rasa é antropocêntrica, ou centralizada no ser humano. Ela vê os seres humanos como situados acima ou fora da natureza, como a fonte de todos os valores, e atribui apenas um valor instrumental, ou de 'uso', à natureza. A ecologia profunda não separa seres humanos - ou qualquer outra coisa - do meio ambiente natural. Ela vê o mundo não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida."
De modo que há na ecologia profunda uma concepção inovadora do ser humano e da natureza. Como foi dito, isto tem consequencias importantes que precisam ser compreendidas. A esse respeito, permitimo-nos fazer dois comentários:
1) A ecologia profunda conduz a uma visão que transmite o verdadeiro significado de nossa presença no mundo, que é o de sermos um elo na cadeia da vida, e não a causa ou a finalidade de tudo que existe. Enquanto nos consideramos muito especiais, sentimo-nos justificados para impor qualquer dano à natureza e aos outros seres, sempre que isto nos permite realizar algum fim que julgamos importante para nós. Na verdade, somos tão efêmeros como o mundo que nos cerca. Não nos tornaremos mais do que isso pela prática de vandalismo contra a natureza e crueldade contra os seres em nosso redor. Mas podemos evitar que tais atitudes degradem a nós mesmos, através de uma postura digna em face da natureza e das espécies vivas.
2) A ecologia profunda nega a hierarquia de valor que coloca o ser humano acima de tudo que existe. Isto equivale a afirmar que o ser humano tem um valor que lhe é próprio, o mesmo se aplicando a cada ser vivo no planeta. Negar a hierarquia, portanto, significa esquecer noções de superioridade, inferioridade ou mesmo igualdade, pois todas estas implicam em rotular os seres, numa comparação com outros. Na verdade, cada elemento no universo cumpre o seu próprio fim, independentemente do valor que lhe atribuímos. Evitar a hierarquia é ver a natureza e os seres vivos como são de fato, sem apontar o que têm de "certo" ou "errado", com base em critérios que só servem para nós mesmos.
Estas considerações sugerem que a humanidade, embora possa continuar buscando a satisfação de seus interesses, precisa avaliar até que ponto esses interesses são eticamente legítimos, e em alguns casos deve até mesmo desistir de alguns deles. Há que se levar em conta estes fatores: o equilíbrio das relações naturais - o que já começamos a fazer, mas de maneira ainda muito incipiente; e a capacidade de alguns seres, nomeadamente os animais, de sentirem o impacto de nossas ações - o que proíbe que façamos a eles o que não queremos para nós mesmos.
A partir do momento em que conseguimos reconhecer outros valores em nosso redor, tornamo-nos obrigados a considerar estes valores em todos os nossos atos. Até hoje, nós seres humanos ainda não conseguimos sequer levar em conta o nosso próprio valor, haja vista que nos prejudicamos de tantas maneiras. Talvez, apenas quando ampliarmos o alcance de nossa ética, conseguiremos usá-la para beneficiar a nós mesmos."
Referência: Capra, Fritjof. A teia da vida. (Capítulo 1). Excerto no site: http://www.humanas.unisinos.br/professores/hbenno/ecolprof.htm
Gratos pela atenção,
CPDA – Comitê para Pesquisa, Divulgação e Defesa dos Direitos Animais
DIVULGAÇÃOwww.gatoverde.com.brem Defesa dos Direitos Animais

sexta-feira, 20 de junho de 2008

PALAVRAS DO MESTRE

O cientista que raciocina segundo o plano da percepção dos sentidos é o que se acha mais afastado do reconhecimento da verdade, porque toma as ilusões produzidas pelos sentidos como realidades e repele as revelações de sua própria intuição. O filósofo, incapaz de perceber a verdade, procura adquiri-la por meio da inteligência, podendo dela aproximar-se até certo ponto. Só aquele que adquiriu a condição consciente da verdade, reconhecendo-a por percepção direta, a ela se acha intimamente unido e não pode absolutamente enganar-se.
Henrique José de Souza

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O CÉREBRO HOLOGRÁFICO

O princípio holográfico, além de ser um modelo de reflexo do Universo nas partes, tem sido usado para explicar como o cérebro processa a informação. Neurologistas têm ficado cada vez mais surpresos com pesquisas que demonstram que a memória se distribui por todo cérebro indistintamente, e as lembranças não se localizam numa região específica, como se pensava anteriormente. O Prêmio Nobel em neurofisiologia, Dr. Karl Pribam, sugere que, como num holograma, as sensações que chegam até o cérebro são gravadas em todas as suas partes.
O processo de evocar uma determinada memória equivale à reprodução de uma imagem holográfica. Segundo Pribram, o cérebro é um holograma e reproduz um padrão holográfico.
Para provar que o que perceberam estava errado, o biólogo da Universidade de Indiana, Paul Pietsch, idealizou uma experiência um tanto quanto tétrica. Pietsch havia observado que podia remover o cérebro de uma salamandra sem matá-la e, embora o animal permanecesse em letargia sem o cérebro, seu comportamento voltava completamente ao normal assim que este era recolocado. Pietsch tomou os hábitos alimentares da salamandra como referência para suas experiências. Então, inverteu os hemisférios esquerdo e direito do cérebro e, para seu espanto, assim que ela se recuperou rapidamente voltou à alimentação normal. Pietsch tentou várias alternativas: virou o cérebro de cabeça para baixo, cortou-o em fatias, baralhou, e, chegou a picar em pedacinhos os cérebros de suas infelizes cobaias. No entanto, sempre que recolocava o que havia sobrado desses cérebros, ou parte deles, o comportamento dos animais voltava ao normal. Desnecessário dizer que Pietsch mudou de idéia, passando a considerar a teoria de Pribram.



A MEMÓRIA INFINITA

Entre várias características peculiares ao holograma, vale a pena destacar uma outra, além da que relaciona o todo com as partes. Esta segunda característica é o fato de que os hologramas têm uma capacidade fantástica de armazenar informações, podendo gravar uma infinidade de imagens sobre uma mesma chapa. Assim, quando modificamos o ângulo da chapa, uma determinada imagem aparece e a outra que estava projetada desaparece.
Esse efeito se relaciona ao ângulo de incidência no qual os dois feixes de raio laser atingiram o filme fotográfico ao gravar uma determinada imagem. Ela só se projetará no espaço tridimensional quando for iluminada por um raio laser projetado no mesmo ângulo em que a imagem foi gravada originalmente. Assim, é possível registrar muitas imagens diferentes sobre a mesma superfície, cada uma com o seu respectivo "ângulo de reprodução". Os pesquisadores calcularam que um pequeno pedaço de filme poderia armazenar milhões de imagens, cada uma podendo ser evocada através do seu ângulo original de gravação. Uma chapa assim gravada mostra uma multiplicidade de imagens projetando-se seguidamente ao ser girada diante do laser.
Esta segunda característica explica possíveis mecanismos de recordação de fatos. Sendo o cérebro um holograma, quando nos colocamos num determinado "ângulo de lembrança", iremos evocar aquela recordação em particular, ou seja, a nossa capacidade de lembrar é análoga ao ato de emitir um feixe de raio laser em direção a um desses pedaços de filme evocando uma imagem específica. Da mesma forma, quando somos incapazes de lembrar alguma coisa, isto corresponde a emitir vários feixes a um pedaço de filme com múltiplas imagens, mas sem encontrar o ângulo certo para recuperar a "imagem" que estamos procurando. Os pesquisadores dessa área estão convictos que a visão que os moribundos têm na hora da morte, quando "vêem" a vida inteira numa fração de segundo, equivale, no sistema holográfico cerebral, ao ato de girar rapidamente uma chapa holográfica com milhões de imagens gravadas diante do laser.

O Universo Holográfico - Michael Talbot

CIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE

O HOLOGRAMA
David Bohm

O holograma é uma invenção dos anos 60, e de forma geral é um mecanismo óptico que produz imagens tridimensionais. Seu princípio foi descoberto em 1947, mas o modelo só pôde ser construído após a invenção do laser. Para produzi-lo, divide-se um único raio laser em dois feixes separados. O primeiro feixe é projetado no objeto a ser fotografado. Então, faz-se com que o segundo feixe colida com a luz refletida do primeiro. Quando isso acontece, eles produzem um padrão de interferência que é registrado num filme. Iluminada pela luz natural, a imagem do filme não se parece em nada com o objeto fotografado, mostrando um conjunto de curvas concêntricas entremeadas, num desenho indecifrável. Mas, assim que um outro feixe de raio laser ilumina o filme, uma imagem tridimensional do objeto original reaparece em pleno espaço, podendo ser vista por cima, por baixo ou por qualquer lado, mas não podendo ser tocada. Esta imagem holográfica apresenta algumas características que estão deixando os cientistas intrigados e perplexos.
Suponhamos que o objeto fotografado seja uma maçã. Peguemos então o filme holográfico e vamos dividi-lo ao meio, em dois pedaços. Projetemos agora o laser sobre uma dessas metades. O que vemos projetados no espaço a três dimensões? Meia maçã? Nenhuma maçã? Não! Se projetarmos o laser em qualquer uma das metades, ainda assim obteremos a maçã inteira projetada no espaço. E se continuarmos partindo a foto em milhares de pedaços e projetarmos o laser sobre um minúsculo fragmento, ainda assim obteremos a maçã inteira projetada a três dimensões. Uma imagem menos nítida, mas ainda assim a maçã inteira. Nesta foto mágica, cada parte contém a totalidade, cada uma das partes da imagem interpenetra todas as outras.
O TODO NAS PARTES
Esta característica do holograma - a parte no todo e o todo nas partes - tem assustado os cientistas e modificado algumas concepções importantes sobre o Universo. Segundo o físico nuclear David Bohm, o Universo inteiro funciona como um holograma, em que cada uma das partes interpenetra as outras. Qualquer alteração se transmite ao Todo. Cada célula do nosso corpo reflete o cosmo inteiro. Da mesma forma, todo passado e as implicações para todo futuro também estão presentes em cada minúscula porção do espaço e do tempo. Resumindo, a totalidade de tempo e espaço encontra-se presente em cada ponto de tempo e de espaço. Impressionante!
Nós contemos o Universo inteiro no nosso mundo, no nosso corpo, nas nossas células. É devido a este princípio que a acupuntura permite alcançar todo corpo através de uma determinada parte do mesmo, por exemplo, a orelha. O corpo inteiro está presente na orelha, como mostra o diagrama do "Homenzinho na Orelha". Os iridologistas, por sua vez, vislumbram as condições de todo corpo pelos desenhos da íris; no "Do-in" pode-se fazer o mesmo pelos pés, e os quiromantes lêem a vida física e temporal na palma das mãos. São todos desdobramentos do mesmo princípio que rege o holograma. Na verdade, cada parte do corpo o contém inteiro, numa perspectiva espaço-temporal, da mesma forma que cada pequena entidade do Universo reflete o padrão de sistemas infinitamente maiores, e da própria totalidade. Esta idéia foi maravilhosamente expressa por William Blake no seu célebre verso em "Auguries of Innocence": Ver o mundo num grão de areiaE o céu numa flor silvestre, Segurar o infinito na palma da mão, E a eternidade numa hora.

domingo, 8 de junho de 2008

VIDA E PROCESSO MENTAL

A mente não é uma coisa mas sim um processo - o próprio processo da vida. Em outras palavras, a atividade organizadora dos sistemas vivos, em todos os níveis da vida, é a atividade mental. As interações de um organismo vivo - planta, animal ou ser humano - com seu meio ambiente são interações cognitivas, ou mentais.
Desse modo, a vida e a cognição se tornam inseparavelmente ligadas. A mente - ou, de maneira mais precisa, o processo mental - é imanente na matéria em todos os níveis da vida.
Qualquer sistema vivo é capaz de desenvolver os processos que associamos com a mente - aprendizagem, memória, tomada de decisões, e assim por diante. Esses processos mentais são uma conseqüência necessária e inevitável de uma certa complexidade que começa muito antes de os organismos desenvolverem cérebros e sistemas nervosos superiores. A mente não se manifesta apenas em organismos individuais, mas também em sistemas sociais e ecossistemas.

Quando ohamos para o mundo vivo, reconhecemos a atividade organizadora como sendo, essencialmente, uma atividade mental. A mente é a essência do estar vivo.
O cérebro não é necessário para que a mente exista. Uma bactéria, ou uma planta, não tem cérebro mas tem mente. Os organismos mais simples são capazes de percepção, e portanto de cognição.

Para essa nova concepção de cognição, o proceso do conhecer, é, pois, muito mais ampla que a concepção do pensar. Ela envolve percepção, emoção e ação - todo o processo da vida; não envolve necessariamente o pensar.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

PALAVRAS DO MESTRE

"A leitura meditada é o diálogo mudo entre duas almas que em uma só se confundem"
"A mim não importa o que sei; importa, sim, o que ainda não sei; porém, aquilo que ignorarei para sempre é o que mais me entristece e subjuga.”
Prof. Henrique José de Souza